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Seu cérebro automático!

Esse é um tema que eu adoro e gostaria muito do seu comentário! Somente o cérebro é responsável por consumir cerca de 20% da energia necessária para manter seu corpo funcionando. Uma forma de economizar é a criação de hábitos, padrões neurais que se comunicam com mais eficiência e rapidez, para que você não tenha que gastar energia extra planejando, avaliando risco, aprendendo, etc. um novo comportamento.


Isso significa que a maioria dos nossos comportamentos são automáticos.


Olha que maluco…


Por uma série de pistas seu cérebro já sabe que você irá comer pizza hoje, antes de você tomar consciência disso.


Em 2003, o renomado psicólogo Daniel Kahneman [que de tão bom ganhou um Nobel em economia] detalhou a teoria do processo duplo (que já era discutida desde a década de 70) em seu best seller “Rápido e devagar, duas formas de pensar”, descrevendo a operação do nosso cérebro em 2 processos: Processos automáticos ou intuitivos e processos controlados ou deliberativos (neste livro, didaticamente ele chamou de sistema 1 e 2).


Processos controlados gastam mais energia, são conscientes e mais lentos, enquanto os automáticos acontecem mais rápido, gastam menos energia e são subconscientes.


Somos uma espécie econômica e economizar energia é interpretado como uma recompensa.


Me sinto obrigado a citar outro psicólogo chamado John Bargh, autor de outro best seller, “O cérebro intuitivo”. Bargh aprofundou a descrição sobre os processos automáticos e os dividiu em 4 componentes: consciência, intencionalidade, eficiência e controlabilidade.


Vou falar brevemente apenas sobre o primeiro componente, consciência.


Para ser considerado um processo automático, a pessoa precisa não estar ciente do comportamento. Isso pode ocorrer de 3 formas:


Não reconhecer o estímulo, como o estímulo é interpretado e qual o efeito dele no comportamento.


Sendo assim, para ajudar seu cliente ou paciente é fundamental que ele reconheça as pistas ou estímulos que precedem os comportamentos automáticos. Afinal, uma vez que o gatilho foi disparado, a pessoa precisará utilizar muitos recursos corticais para evitá-lo.


Eu vou exemplificar


Você pergunta para seu cliente: Por que você não faz atividade física?


A resposta vem quase imediata: Não tenho tempo!


Então, você precisará que ele descreva melhor essa falta de tempo. Nessa conversa, ele te fala: Eu fico 11 horas por dia no escritório, em home office. Saio do escritório, vejo um pouco do jornal, tomo banho, janto e vou dormir.


Na minha experiência, um relato bastante comum, basta trocar o home office pela empresa, o jornal pelo trânsito…


Neste atendimento hipotético, um possível gatilho é SAIR DO ESCRITÓRIO ou SENTAR NO SOFÁ PARA VER O JORNAL.


Essa bola terá que ser jogada para o dono!


Você precisa devolver essa percepção para o cliente-paciente em FORMATO DE PERGUNTA, assim ele não se sentirá invadido por uma afirmação de quem não sabe como é viver a rotina dele e poderá conscientizar o comportamento, refletindo sobre ele.


Isso vale, caso o comportamento nocivo seja “comer doces”, por exemplo. Antes de comer o doce a pessoa pode pedir um café, terminar o almoço, sair de uma reunião estressante…


O segredo está em ser curioso e ouvir atentamente toda história que cerca o comportamento nocivo.


Agora, vamos colocar em prática um atendimento centrado no cliente-paciente, focando apenas em fazê-lo conscientizar.


Me conta um pouco das histórias que você já ouviu e vamos analisar juntos!

Abraços


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